quarta-feira, 25 de maio de 2011

Alunos e minha idade

Fazer aniversário pra mim não é muito fácil... Me incomoda bastante envelhecer... talvez me incomode também estar sob os holofotes, se visto, ser lembrado...
Mas este ano meu espírito não é de reclamação, nem de lamúrias.
Vou apenas contar um episódio curioso de meus anos de magistério... coisa que fiz uma única vez desde que comecei a escrever estas crônicas.
Eu trabalhei durante oito anos com crianças de terceira e quarta séries. Acho dificílimo trabalhar com crianças dessa idade, sou um mau professor para os pequenos, trabalho muito melhor com os maiores, mas nem sempre a vida nos deixa fazer o que preferimos.
As crianças (os adolescentes maiores fazem também, mas menos) gostavam de perguntar várias informações pessoais que nem sempre eu tinha saco de responder. "Qual o número do seu pé?" "O senhor é casado?" "Que idade o senhor tem?"
No quesito idade, no meu aniversário, normalmente eu deixava no final da aula uma conta... Dizia "Se estamos no ano tal e eu nasci no ano tal, façam as contas: tal menos tal e me digam que idade eu tenho na próxima aula". No outro dia lá estavam eles prontamente com a resposta do enigma na ponta da língua: "O senhor tem tantos anos!"
Isso quando eu tinha vinte e tantos anos e comecei a dar aula.
Mas o tempo passa e a gente começa a ter cada vez menos paciência. Lá pelos trinta, enchi de fazer isso. Então quando eles descobriam que era meu aniversário e me enchiam o saco para saber minha idade eu dizia idades estapafúrdias, bem maiores que a real. "Eu tenho 90 anos." "Tenho oitenta e cinco." e por aí vai. Eles não engoliam, mas paravam de me chatear com isso.
Um dia, pouco tempo depois de eu ter adotado essa técnica, um aluno, após ter me ouvido dizer que eu tinha 90 anos, retrucou: "O senhor está mentindo que o senhor tem noventa anos! O senhor deve ter, no máximo, uns 65!"
A partir desse dia desisti de aumentar minha idade para eles.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Dói

Algo em mim dói

Uma dor que eu não sei explicar

Lá no fundo, lá dentro

Aperta o peito

Sinto um mal estar

Parece que naquele momento

toda a vida não tem sentido

que sou tolo, bobo, inútil

E eu me afogo naquele sentimento e morro

Morro dolorosamente

Sou consumido por mim mesmo

por uma dor aparentemente sem motivo.