Porto Alegre. Calor
intenso. Greve de ônibus. Greve dos Correios. Falta de água. Falta
de luz. Tenho feito grandes trajetos a pé... e isso que estou de
férias! Ir à casa de minha namorada? Quarenta minutos de caminhada.
Ir ao dentista? Acabo pegando táxi. Volto a pé muitas vezes.
Gastando mais dinheiro que o esperado com condução. Caminhando bem
mais que pretendia, muitas vezes sob um sol forte demais para se
fazer isso. Perdendo em dinheiro e em saúde. Suando muito em casa
esperando que a luz volte. Ou parando o trabalho, quem trabalha em casa
e precisa do computador.
As contas não
chegam... mas você tem que pagá-las assim mesmo. O ônibus não
passa... mas você tem que sair de casa mesmo assim. A luz acaba mas
você precisa dela para tocar sua vida. A água termina... mas você
precisa beber, tomar banho, lavar sua roupa.
O mundo parou a sua
volta, mas você não pode parar de viver. Paro de viver porque o
mundo parou? Entro em uma espécie de estado de hibernação e
retorno quando o mundo voltar a girar novamente? Como determinados
peixes cujos ovos sobrevivem em lugares secos e só eclodem quando há
água? Infelizmente impossível.
Precisamos encontrar
transportes alternativos ao carro e ao ônibus? Concordo. Água
faltará e precisamos aprender a racioná-la? Não há dúvida. Mas
olhando agora para a situação de Porto Alegre nos últimos tempos
não há como não sentir-se tentando movimentar-se num mundo que
parou. Esforçando-se para seguir em frente em um daqueles mundos em ruínas dos filmes de ficção.
Vontade de hibernar neste verão e só voltar com o mundo normalmente caótico em que já vivemos.