Hoje cheguei no trabalho e cumprimentei todo mundo efusivamente:
_ E aí, pessoal, tudo bem? Cheios de gás para trabalhar depois de
um fim de semana de descanso?
Todos me olharam como se estivessem vendo um e.t., ou como se eu
tivesse dito algum tipo de blasfêmia e me disseram:
_ NÃO!
Ouvindo a resposta, eu brinquei:
_ Nossa, vocês parecem uma coca-cola velha: totalmente sem gás!
Malgrado o pieguismo ou o tanto de sarcasmo com que minha frase
ingênua pode ter sido interpretada (não, eu não me dei conta de
como soava...), o fato é que, nesta época do ano ninguém mais tem
energia para nada. Vivemos a síndrome do final do ano. Daqui a pouco
é Natal... em pouco tempo será um ano novo e o velho já deu todos
os sinais possíveis de desgaste. Tiramos forças do útero,
arrancamos energias de algum lugar que nem sabemos existir e vamos em
frente... mas devagar, tentando não fazer esforços excessivos.
Nessa fase do ano, nosso fusquinha metafórico não pode estar
sobrecarregado e corre o risco de não subir a ladeira. Melhor tirar
dele toda carga inútil (se conseguirmos!!!) e ir em frente
devagarinho.
E o engraçado é que, vendo a falta de gás das coca-colas alheias,
meu próprio refrigerante interno perdeu o gás rapidinho e minha
vontade de começar a semana cheio de pique minguou rapidamente: eu
próprio estava também no mesmo cansaço.
Nessas horas de estresse, eu tento me segurar em alguma de minhas
tábuas de salvação. Sempre que as coisas parecem afundar, ou que
você sente que não tem pique de seguir em frente, é melhor se
segurar em algo. Caprichar mais na dieta... Fazer mais exercícios...
Não dispensar a saída com os amigos na sexta-feira à tardinha...
Focar-se nos preparativos da viagem de férias... Alguma coisa tem
que nos motivar a seguir adiante. Se a gente pensar: “Vou largar
tudo de mão, é final de ano, ano que vem eu recomeço”... as
coisas ficam mais difíceis.
Alguém pode dizer: “Mas você não disse que era para tirar toda
a carga do fusquinha para que ele suba a ladeira?” Verdade. Mas não
podemos nos esquecer que o motor do carro também pode ser pesado,
mas é o que o impulsiona para frente. Tiram-se as cargas
desnecessárias (das necessárias a gente tem que dar conta), mas o
motor decididamente fica.
E vem o ano seguinte. A gente renova as energias, finge que está
começando algo novo e toca-se a subir a ladeira com outro ânimo.
Tem gente que diz que as famosas resoluções de final de ano não
servem para nada... Eu não concordo. Mesmo que a gente não as
realize por completo, é uma forma que a gente tem de renovar
esperanças, pensar nos nossos objetivos, criar novas expectativas e
encher de gás novamente nossa velha coca-cola choca e tentar bebê-la
como se fosse nova.
E, vamos combinar, um pouco de gás, tanto na vida, quanto na
coca-cola, faz toda a diferença!