segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Síndrome da coca-cola velha


 Hoje cheguei no trabalho e cumprimentei todo mundo efusivamente:
_ E aí, pessoal, tudo bem? Cheios de gás para trabalhar depois de um fim de semana de descanso?
Todos me olharam como se estivessem vendo um e.t., ou como se eu tivesse dito algum tipo de blasfêmia e me disseram:
_ NÃO!
Ouvindo a resposta, eu brinquei:
_ Nossa, vocês parecem uma coca-cola velha: totalmente sem gás!
Malgrado o pieguismo ou o tanto de sarcasmo com que minha frase ingênua pode ter sido interpretada (não, eu não me dei conta de como soava...), o fato é que, nesta época do ano ninguém mais tem energia para nada. Vivemos a síndrome do final do ano. Daqui a pouco é Natal... em pouco tempo será um ano novo e o velho já deu todos os sinais possíveis de desgaste. Tiramos forças do útero, arrancamos energias de algum lugar que nem sabemos existir e vamos em frente... mas devagar, tentando não fazer esforços excessivos. Nessa fase do ano, nosso fusquinha metafórico não pode estar sobrecarregado e corre o risco de não subir a ladeira. Melhor tirar dele toda carga inútil (se conseguirmos!!!) e ir em frente devagarinho.
E o engraçado é que, vendo a falta de gás das coca-colas alheias, meu próprio refrigerante interno perdeu o gás rapidinho e minha vontade de começar a semana cheio de pique minguou rapidamente: eu próprio estava também no mesmo cansaço.
Nessas horas de estresse, eu tento me segurar em alguma de minhas tábuas de salvação. Sempre que as coisas parecem afundar, ou que você sente que não tem pique de seguir em frente, é melhor se segurar em algo. Caprichar mais na dieta... Fazer mais exercícios... Não dispensar a saída com os amigos na sexta-feira à tardinha... Focar-se nos preparativos da viagem de férias... Alguma coisa tem que nos motivar a seguir adiante. Se a gente pensar: “Vou largar tudo de mão, é final de ano, ano que vem eu recomeço”... as coisas ficam mais difíceis.
Alguém pode dizer: “Mas você não disse que era para tirar toda a carga do fusquinha para que ele suba a ladeira?” Verdade. Mas não podemos nos esquecer que o motor do carro também pode ser pesado, mas é o que o impulsiona para frente. Tiram-se as cargas desnecessárias (das necessárias a gente tem que dar conta), mas o motor decididamente fica.
E vem o ano seguinte. A gente renova as energias, finge que está começando algo novo e toca-se a subir a ladeira com outro ânimo.
Tem gente que diz que as famosas resoluções de final de ano não servem para nada... Eu não concordo. Mesmo que a gente não as realize por completo, é uma forma que a gente tem de renovar esperanças, pensar nos nossos objetivos, criar novas expectativas e encher de gás novamente nossa velha coca-cola choca e tentar bebê-la como se fosse nova.
E, vamos combinar, um pouco de gás, tanto na vida, quanto na coca-cola, faz toda a diferença!