Dia dos namorados. Momento de externar nossos sentimentos
para aquela pessoa que escolhemos para amparar nossos passos bambas, apoiar
nosso mundo torto, ...
Não que não devamos
fazer isso sempre e eu tento, mas é um dia para se deixar isso mais marcado.
Comprar uma lembrança, fazer um cartão, dizer palavras bonitas, dar flores...
E aí entra meu problema. Eu, que me creio escritor amador,
que me penso com certa facilidade de expor meus sentimentos por escrito, travo
completamente na hora de escrever a mensagem do cartão.
Não que eu tenha dificuldade em mostrar meus sentimentos,
acho que às vezes até os demonstro demais. Eu faço meus cartões, colo coraçõezinhos,
digo seguidamente que a amo, às vezes
sou até meio meloso para meu próprio gosto e tento segurar meu afã.
Mas na hora de escrever, de pôr meu sentimento em relação à
minha namorada em palavras, elas me escapam.
Às vezes tomo coragem e crio um texto de algumas linhas. Até
entrego a ela em alguns casos, mas sei que o que escrevi me é horrível. Soa
piegas, não expressa o que sinto, não tem literariedade nenhuma... Lixo
completo.
Este ano confeccionei meu cartãozinho, fiz desenho, colagem....
encontrei um texto que julguei bonito... e escrevi duas linhas de minha
autoria… num simples “Feliz dia dos namorados” chocho.
Ela, por sua vez, me deu um cartão com um belo texto do
Neruda e um texto muito bonito de sua autoria. Lindo.
E a mulher que namora o cara que gosta de escrever não ganha
um lindo texto escrito só para ela. Ganha um insensível “Feliz dia dos
Namorados”... Um homem que deveria ter
habilidade estilística para comovê-la, mas mostra-se arredio frente a palavras
doces.
Machismo? Criação interiorana? Demonstrar sentimentos soa-me
feminino? Não sei... A verdade é que não sai.
Tento compensar isso com um cartão feito por mim, flores, enfim... Mas fico devendo as palavras.