quarta-feira, 12 de junho de 2013

O homem das letras não sabe escrever poemas



Dia dos namorados. Momento de externar nossos sentimentos para aquela pessoa que escolhemos para amparar nossos passos bambas, apoiar nosso mundo torto, ...
 Não que não devamos fazer isso sempre e eu tento, mas é um dia para se deixar isso mais marcado. Comprar uma lembrança, fazer um cartão, dizer palavras bonitas, dar flores...
E aí entra meu problema. Eu, que me creio escritor amador, que me penso com certa facilidade de expor meus sentimentos por escrito, travo completamente na hora de escrever a mensagem do cartão.
Não que eu tenha dificuldade em mostrar meus sentimentos, acho que às vezes até os demonstro demais. Eu faço meus cartões, colo coraçõezinhos, digo seguidamente que a amo,  às vezes sou até meio meloso para meu próprio gosto e tento segurar meu afã.
Mas na hora de escrever, de pôr meu sentimento em relação à minha namorada em palavras, elas me escapam.
Às vezes tomo coragem e crio um texto de algumas linhas. Até entrego a ela em alguns casos, mas sei que o que escrevi me é horrível. Soa piegas, não expressa o que sinto, não tem literariedade nenhuma... Lixo completo.
Este ano confeccionei meu cartãozinho, fiz desenho, colagem.... encontrei um texto que julguei bonito... e escrevi duas linhas de minha autoria… num simples “Feliz dia dos namorados” chocho.
Ela, por sua vez, me deu um cartão com um belo texto do Neruda e um texto muito bonito de sua autoria. Lindo.
E a mulher que namora o cara que gosta de escrever não ganha um lindo texto escrito só para ela. Ganha um insensível “Feliz dia dos Namorados”...  Um homem que deveria ter habilidade estilística para comovê-la, mas mostra-se arredio frente a palavras doces.
Machismo? Criação interiorana? Demonstrar sentimentos soa-me feminino? Não sei... A verdade é que não sai.
Tento compensar isso com um cartão feito por mim, flores, enfim... Mas fico devendo as palavras.