Procusto pertence à Mitologia grega e era um ladrão. Seu truque era receber as pessoas em sua casa e convidá-las para dormir em sua cama. A cama de Procusto tinha exatamente o seu tamanho. Das pessoas que fossem maiores que a cama, o ladrão cortava as partes excedentes. De quem fosse menor, o fascínora as esticava até que ficassem do tamanho adequado.
Esse mito serve para nos fazer pensar que muitas pessoas agem em suas vidas como procustos. E não estou falando em mutilações físicas. Há muitos procustos no campo das ideias. Pessoas que querem que as ideias dos outros, que a vida dos outros caibam em seu padrão rígido.
"Fulana trabalha e não tem tempo para os filhos. Que absurdo!" Cicrana não trabalha e só cuida dos filhos: que desocupada. Não ajuda o marido, coitado!" e assim por diante. As pessoas tem que caber em seus rígidos padrões de moral ou estão erradas. E julgam a todos. Condenam, inclusive. Elas são perfeitas, suas vidas maravilhosas... os outros estão sempre errados se não seguirem seus desígnios.
Pensa-se comumente que todo procusto é uma pessoa antiquada, séria, carola... Ledo engano! Muitos são pessoas pensadoras, inteligentes. Mas podam os outros naquilo que pensam... "Eu te deixo pensar, desde que, no final das contas, penses igual a mim." seria o lema delas. Pessoas autoritárias, que não aceitam opiniões alheias, ou até fingem que aceitam, encaixam-se muito bem aqui. "Minhas ideias são melhores que as tuas. Minha forma de ver o mundo é a única certa." E querem te fazer pensar como elas. Quem te podar, cortar teus excessos, esticar-te até caberes em seus conceitos...
Alguns, mais ardilosos, fingem-se de democráticos, aplaudem as ideias alheias. Até elogiam-nas. Mas, no final das contas, só fazem o que querem e até forçam os outros a seguirem suas ideias pensando que estão seguindo suas próprias.
Mas o próprio mito no ensina como combater esses indivíduos: um dia, o Procusto mitológico, após mutilar e matar sabe-se lá quantos, cruzou o caminho do herói Teseu e se deu mal. O herói grego o venceu com seu próprio estratagema: prendeu-o lateralmente à sua própria cama. Como, preso dessa forma, partes suas ficaram para fora, Teseu cortou o que sobrara, dando fim ao monstro.
Ou seja, é preciso jogar as ideias dessas pessoas contra si mesmas, fazendo-as usar para si aquilo que elas propõem. Ao obrigá-las a agir de acordo com seus próprios padrões, de repente nem mesmo essas pessoas caibam tão bem assim naquilo em que querem obrigar os outros a caber. Uma parte delas certamente ficará para fora. E assim receberão um pouco de seu próprio remédio.
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Muito bom! Concordo!
ResponderExcluirObrigado. ;o)
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