domingo, 7 de abril de 2013

O jovem velho

Olhou para si mesmo e não se reconheceu... Dentro de si pensava ter 15 anos, mas seu exterior retratava uns quarenta! Era um velho com pensamento de uma criança!
Talvez nem quarenta anos seja a velhice total... Nem 15 anos, a  mais completa infância... mas, para o homem de quarenta, era como sentir-se muito infantil.... Para o jovem de 15, era ter uma feição muito velha...
Teria quarenta? Teria 15? Sobre qual ponto de vista?
Não sabia.
Acordara, olhara-se no espelho e vira-se assim: alguns fios de cabelo branco ornando-lhe a fronte; alguns pés de galinha apontando próximo às pápebras; rosto mais alongado... Quando havia ido dormir, tinha 15 anos! O que teria acontecido? Teria entrado em um coma profundo durante o sono e ficado vinte e cinco anos inconsciente numa cama de hospital?
Não estava em um hospital.
Estava em casa.
E se tivesse sido mandado pra casa porque, após tantos anos, não se esperava mais que acordasse?
Sua casa teria mudado. Mas era incrivelmente a mesma.
Sua família também. Estava exatamente igual ao que ele lembrava. Não mudara em nada. E tratavam-no como se ele mesmo não tivesse mudado. Mas ele mudara.
Talvez tivesse vivido vinte e cinco pensando ainda ter quinze e de repente dera-se conta de que a vida passara e ele não percebera...
Era realmente o mais provável.
E o que fazer quando a gente se dá conta um dia de que tem quarenta? De que tem sessenta? De que tem oitenta?... quando dentro de si acreditou-se ainda estar na adolescência? Estar na fase da tranquilidade, das realizações e até o dia anterior pensar estar na fase das grandes descobertas, dos grandes medos, das grandes insatisfações, dos grandes  prazeres? O que fazer quando um dia finalmente cai a ficha?
Desesperar-se? Inútil. Aceitar? Como se aceita ter envelhecido vinte e cinco anos em uma noite?
A pessoa volta para a cama, dorme mais um pouco e tenta acordar novamente, só que com outra sensação? Talvez não funcione.
Talvez não haja uma resposta.

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