quinta-feira, 11 de abril de 2013

Momento juba



Estava sentado em minha sala de trabalho e entra minha colega. Notei que ela está com o cabelo diferente. Pensei que tinha feito alguma escova, hidratação, relaxamento, ou sei lá que nome as mulheres dão a tudo o que fazem no cabelo. O fato é que estava mais volumoso, maior. Parecia que estava com bem mais cabelo que o habitual. Falei:
_ Mudou o penteado?
Vi que ela ficou meio sem graça. A gente nunca sabe quando elogiar uma mulher. Se você não nota o penteado novo, você é insensível... Se você nota quando não deveria notar, é insensível também... na dúvida peque pela falta. As mulheres vão pensar: “Os homens não reparam em nada mesmo!” E você se safa pela desculpa do gênero. Pequei pelo excesso, infelizmente.
Ela então me explicou que havia saído apressada e não havia tido tempo de dar um jeito no cabelo. Então pegou um creme que prometia dar volume ao cabelo e passou-o. Segundo ela, o cabelo ficou volumoso e duro. Todos na escola estavam notando a diferença e ela estava muito incomodada.
O que fazia essa moça com um creme que nunca usara, nunca testara? Não sei. Mas o fato é que ela tinha.
Sei como ela estava se sentindo. Você põe uma roupa diferente, não se sentiu bem com ela e todo mundo nota. Se ninguém notar você fica feliz, pensa: “Estou como todos os dias.” O que, nesse momento, é uma bênção. Tudo o que você quer é estar igual a todos os dias. Mas você não está. E as pessoas notam. Você quer sumir. Esconder-se no primeiro vaso de plantas que exista. Mas tem que erguer a cabeça, seguir em frente e sustentar a mudança. Por mais difícil que seja às vezes. Entendo perfeitamente.
Mas o engraçado é que a mesma colega sempre me conta que invejava suas amigas na adolescência, pois tinham cabelos volumosos e o seu era fino. Sempre quis ter um cabelão, como ela diria, mas não tinha. Nesse dia, no entanto, ela estava realmente com um cabelão, mas não estava contente com isso. Havia conseguido o que sempre quisera, mas não estava feliz.
Às vezes é assim... recebemos  o que queremos, mas não da forma que queremos... Ou recebemos o que sempre sonhamos, da forma como sonhamos... mas descobrimos que na verdade não o queríamos. Isso acontece com aqueles sonhos meio impossíveis, que sonhamos  e acreditamos não poder realizar... Talvez os queiramos por acreditá-los impossíveis. Talvez seja realmente um sonho, mas nossa realização idealizada não condiz com a realidade, quando ela acontece... Mas é interessante pensar sobre isso.
Perguntada sobre o assunto, a referida colega disse que queria sim ter um lindo cabelo volumoso, daqueles de propaganda de xampu, sedoso, esvoaçante. O que ela tinha ganhado, no entanto, era uma juba de leoa arrepiada (segundo a própria), dura, sem brilho.
É. Nem sempre a vida nos dá o que pedimos da forma como pedimos. E a gente sorri (quando consegue) e segura no osso. Fazer o quê?

2 comentários:

  1. Para nós mulheres, o cabelo é fundamental. Tanto é que perdemos uma boa parte do dia em volta dele. Até diria que é nele que mais investimos, por isso até entendo a reação da sua colega. Nunca estamos satisfeitas, ou pelo menos não tanto quanto deveríamos. Coisas de mulheres......

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    1. Para nós, homens, é mais fácil realmente nesse sentido.
      Obrigado pelo comentário.

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